Annonaceae

Guatteria oligocarpa Mart.

Como citar:

Marta Moraes; undefined. 2018. Guatteria oligocarpa (Annonaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

410.005,294 Km2

AOO:

384,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018), com ocorrência no estado: Alagoas (Thomas 12406), Bahia (Lobão 729).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Marta Moraes
Revisor:
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore até 15 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018), foi coletada na Floresta Ombrófila e na Restinga, associadas ao domínio da Mata Atlântica, nos estados de Alagoas e Bahia. Apresenta distribuição ampla, EOO=340903 km², diversos registros em coleções biológicas, inclusive com coletas realizadas recentemente, e ocorrência confirmada em Unidades de Conservação de proteção integral. A espécie ocorre em diferentes fitofisionomias, de forma frequente na maior parte das localidades em que foi registrada. Não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua existência na natureza. Assim, Guatteria oligocarpa foi considerada como Menor Preocupação (LC).

Último avistamento: 2017
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Flora Brasiliensis 13(1): 33. 1841. De acordo com o especialista botânico a espécie: 1 - apresenta uso (madeira, frutos, paisagismo, etc). R. Não; 2 - ocorre em Unidades de Conservação de Proteção Integral. R. Sim, ocorre na RPPN Caminho das Pedras, Reserva Municipal Cachoeira do Pau, Parque Nacional de Monte Pascoal, Reserva Biológica do Mico Leão, Estação Experimental Lemos Maia, Parque Nacional do Pau-Brasil, APA do Pratigi, Parque Nacional do descobrimento, Parque Estadual do Rio Doce, Estação Experimental Djalma, Reserva Biológica de Una, RPPN Salto Apepique, Parque Estadual Serra do Condurú, Reserva Florestal CVRD, Parque Municipal da Boa Esperança; 3 - apresenta registros recentes, entre 2010-2018. R. Sim; 4 - é uma espécie com distribuição ampla. R. Não, ocorre somente na Mata Atlântica; 5 - possui amplitude de habitat. R. Não; 6 - possui especificidade de habitat. R. Sim; 7 - apresenta dados quantitativos sobre o tamanho populacional. R. Não; 8 - em relação a frequência dos indivíduos na população. R. Frequentes (Mário Gomes, com. pess. 26/11/2018).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população. Segundo Lobão et al. (2012), apesar da distribuição restrita, é bastante comum principalmente na Bahia, onde forma grandes populações em diversos municípios litorâneos.
Referências:
  1. Lobão, A.Q., Mello-Silva, R. de, Forzza, R.C., 2012. Guatteria (Annonaceae) da Floresta Atlântica brasileira. Rodriguésia 63, 1039–1064.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Restinga
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores de 1,5-15 m de altura, ocorrendo em vegetação de restinga e floresta ombrófila na Mata Atlântica (Lobão et al., 2012).
Referências:
  1. Lobão, A.Q., Mello-Silva, R. de, Forzza, R.C., 2012. Guatteria (Annonaceae) da Floresta Atlântica brasileira. Rodriguésia 63, 1039–1064.

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat,mature individuals past,present,future national very high
Perda de habitat como conseqüência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001).
Referências:
  1. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Atlantic Forest Biodiversity Hotspot, Brazil. Ecosystem Profiles. https://www.cepf.net/sites/default/files/atlantic-forest-ecosystem-profile-2001-english.pdf (acesso em 31 de agosto 2018).
  2. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,mature individuals past,present,future national very high
Apesar de abrigar uma parcela considerável da diversidade biológica e do endemismo de plantas (Grillo et al., 2005), os fragmentos florestais situados ao norte do rio São Francisco (entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte), denominado de Centro de Endemismo Pernambuco (Grillo et al., 2005; Tabarelli et al., 2005a), são também os mais devastados da Mata Atlântica (Nemésio e Santos-Junior, 2014; Ranta et al., 1998; Tabarelli et al., 2005b). Tal situação decorre de um histórico de degradação mais antigo e amplo, iniciado com o ciclo econômico de exploração do pau-brasil e posteriormente com a substituição das florestas por plantações de cana-de-açúcar (Coimbra Filho e Câmara, 1996; Grillo et al., 2005; Tabarelli et al., 2005b). A floresta remanescente está hoje representada por pequenos fragmentos florestais imersos em uma matriz agrícola e urbana (Ranta et al., 1998; Silva e Tabarelli, 2000). Baseado neste cenário, (Silva e Tabarelli, 2000) propuseram que cerca de 1/3 das árvores estariam ameaçadas de extinção regional. Atualmente, restam menos de 6% da cobertura original do Centro de Endemismo Pernambuco e a maior parte da floresta remanescente está nas áreas pertencentes às usinas de açúcar e álcool (Tabarelli e Roda, 2005). Em Alagoas, a expansão da cana-de-açúcar se deu mediante a sua adaptação aos seus condicionantes naturais (Santos et al., 2007). Os ciclos de expansão da monocultura, sobretudo, devido aos incentivos federais, foram responsáveis pelo desmatamento de grande parte da cobertura original do território alagoano. Além deste impacto principal, seguiram-se outros ligados ao processamento da cana para a fabricação de açúcar e álcool anidro (Santos et al., 2007). A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al., 2001).
Referências:
  1. Coimbra Filho, A.F., Câmara, I. de G., 1996. Os limites originais do bioma Mata Atlântica na região Nordeste do Brasil. Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, Rio de Janeiro, 86 p.
  2. Grillo, A., Oliveira, M.A., Tabarelli, M., 2005. Árvores, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 191–218.
  3. Nemésio, A., Santos-Junior, J.E., 2014. Is the “Centro de Endemismo Pernambuco” a biodiversity hotspot for orchid bees? Brazilian J. Biol. 74, S78–S92.
  4. Ranta, P., Blom, T., Niemela¨, J., Joensuu, E., Siitonen, M., 1998. The fragmented Atlantic rain forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodivers. Conserv. 7, 385–403.
  5. Silva, J.M.C. da, Tabarelli, M., 2000. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlantic forest of northeast Brazil. Nature 404, 72–74.
  6. Tabarelli, M., Filho, J.A. de S., Santos, A.M.M., 2005a. A Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 25–40.
  7. Tabarelli, M., Filho, J.A. de S., Santos, A.M.M., 2005b. Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 41–52.
  8. Tabarelli, M., Roda, S.A., 2005. Uma oportunidade para o Centro de Endemismo Pernambuco. Nat. Conserv. 3, 22–28.
  9. Santos, A.L. da S., Pereira, E.C.G., Andrade, L. de H.C., 2007. A expansão da cana-de-açúcar no espaço alagoano e suas consequências sobre o meio ambiente e a identidade cultural. Campo Territ. 2, 19–37.
  10. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  11. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2 Wood & pulp plantations habitat,mature individuals past,present,future national very high
As florestas plantadas de Eucalyptus spp. estão distribuídas estrategicamente, em sua maioria, nos estados de Minas Gerais, com maior área plantada, São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul (Baesso et al., 2010). Monoculturas florestais com Eucalyptus spp., ocupando 4,85% da paisagem, é o principal uso do solo identificado na Região Extremo Sul da Bahia, decorrente do estabelecimento de grandes empresas reflorestadoras nessa região (Landau, 2003).
Referências:
  1. Baesso, R.C.E., Ribeiro, A., Silva, M.P., 2010. Impacto das mudanças climáticas na produtividade do eucalipto na região norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Ciência Florest. 20, 335–344.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
Embora a atividade madeireira seja tecnicamente ilegal na região, de acordo com Martini et al. (2007) no sul da Bahia a destruição da floresta continua paulatinamente, a medida que a população local tenta ampliar suas áreas agrícolas, muitas vezes avançando para áreas de conservação existentes na região. Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Martini, A.M.Z., Fiaschi, P., Amorim, A.M., Paixão, J.L. Da, 2007. A hot-point within a hot-spot: a high diversity site in Brazil’s Atlantic Forest. Biodivers. Conserv. 16, 3111–3128.
  2. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécie foi registrada na RPPN Caminho das Pedras, Reserva Municipal Cachoeira do Pau, Parque Nacional de Monte Pascoal, Reserva Biológica do Mico Leão, Estação Experimental Lemos Maia, Parque Nacional do Pau-Brasil, APA do Pratigi, Parque Nacional do descobrimento, Parque Estadual do Rio Doce, Estação Experimental Djalma, Reserva Biológica de Una, RPPN Salto Apepique, Parque Estadual Serra do Condurú, Reserva Florestal CVRD, Parque Municipal da Boa Esperança

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.